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Guia completo para Vinhos Rosés

por | nov 12, 2018 | Bebidas, Colunistas, Enologia

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Com características de vinho branco, mas elaborado com uvas tintas, o vinho rosé esbanja leveza e frescor. Ele é a cara do verão! Então, que tal aproveitar a chegada das altas temperaturas para mergulhar no mundo rosado e descobrir novos aromas, sabores e texturas? Prepare-se para se render aos encantos do rosé, um vinho com características simples, mas não menos encantador!

A produção do vinho rosé

Para alcançar a tonalidade peculiar do vinho rosé – que varia entre o alaranjado pálido, o rosa, o salmão e o mais vívido púrpura – a sua produção envolve um misto de processos de vinificação de uvas tintas e brancas. Há três técnicas mais utilizadas:

  1. Maceração curta: é o método mais tradicional. Inicia-se de forma semelhante à produção dos vinhos tintos, deixando o mosto em contato com as cascas das uvas por um curto período de tempo, até que a coloração desejada seja alcançada. A partir daí, o sumo segue para os tanques de decantação e, posteriormente, para os de fermentação. Em seguida, o processo de vinificação segue o mesmo utilizado na produção dos vinhos brancos;
  2. Corte: consiste em uma mescla de vinhos brancos e tintos já vinificados. Embora seja abominado pelos produtores franceses, é um método permitido e utilizado por muitos produtores em diversos países;
  3. Sangria: durante a elaboração dos vinhos tintos, uma parte do mosto (até 10%) é retirado (sangrado) do tanque antes do processo de fermentação e transferido para outro tanque para finalização do processo. Os vinhos rosés produzidos dessa forma possuem aromas e sabores mais concentrados, alto teor alcoólico e qualidade inferior quando comparado ao vinho produzido pelo método tradicional (maceração curta).


Capital mundial do rosé

Você sabia que Provence, na França, é considerada a capital mundial do vinho rosé? Dos cerca de 160 milhões de garrafas de vinhos produzidos na região, 88% são rosés e, destes, 75% são classificados como Appelation D’Origine Contrôleé (AOC) – o mais alto grau de classificação dos vinhos franceses. Ficou curioso? Uma excelente opção para você degustar é o Côtes de Provence Royal Saint Louis Rosé.


As uvas mais usadas

Várias castas de uvas podem entrar no processo de fabricação do vinho rosé, mas as mais utilizadas são: Cabernet (Sauvignon e Franc); Carignan; Cinsault; Grenache; Malbec; Merlot; Mourvedre; Pinot Noir; Sangiovese; Syrah; Tempranillo; entre outras.

As castas Pinot Noir e Merlot, por exemplo, podem gerar vinhos varietais mais leves e claros, com tonalidades que lembram pétalas de rosa e casca de cebola. Já as Sangiovese, Malbec e Syrah dão origem a versões mais encorpadas e escuras, com cores de cereja e morango.


Consumo

A grande maioria dos vinhos rosés são feitos para serem apreciados jovens, dentro de três anos a partir da data da safra, o que garante aproveitamento máximo de todo o seu potencial. Mas, claro que há exceções à regra! Portanto, fique atento a esse detalhe ao adquirir um rótulo.


Harmonização versátil

Os vinhos rosés possuem algumas características peculiares: eles emanam a leveza, o frescor e o toque frutado dos vinhos brancos ao mesmo tempo que propagam a estrutura e a delicada adstringência dos tintos.

Não é à toa que eles são um coringa quando se trata de harmonização, já que combinam muito bem com uma grande variedade de pratos, de saladas e frutos do mar a carnes e massas.

O segredo é combinar preparos mais simples às versões mais leves e refrescantes do vinho, enquanto pratos com sabores mais complexos ou untuosos pedem versões mais encorpadas da bebida.


Temperatura baixa valoriza o frescor

Para valorizar todo o frescor e a leveza dos vinhos rosés, recomenda-se que eles sejam servidos em temperaturas mais baixas, entre 8 e 12°C, deixando as mais baixas para os rosés leves como o Cinsault, Grenache, Merlot ou Pinot Noir, e as mais altas para os encorpados (Carbenet Sauvignon, Malbec, Syrah, Tempranillo).

Sirva essa bebida em taças de vinho branco, porém com o bojo preferencialmente mais largo para aproveitar melhor os seus sabores e manter seu frescor.


4 rótulos para você descobrir os rosés

Agora que vocês já conhecem um pouco mais sobre os Rosados, que tal ir mais a fundo e degustar Rosés de países e estilos diferentes? Aqui eu indico 4 rótulos para começar a brincadeira:

  1. L’Opale de la Presqu’Ile de St. Tropez: direto de Provence, é um vinho rosé elegante, fresco e saboroso, com coloração que lembra casca de cebola, levemente acobreada, típica da região. Límpido e muito brilhante, possui aromas que lembram rosas, morango fresco, cereja e canela;
  2. Mateus: o vinho rosé mais vendido em Portugal é rosa e refrescante, com um ligeira efervescência, o que o torna extremamente versátil. Era o preferido de Jimmy Hendrix;
  3. Winemaker’s Secret Barrels Rosé: elaborado pelo super enólogo chileno Raimundo Azócar, que tomou a decisão de nunca revelar as uvas, safras e as regiões onde são produzidas as bebidas. Interessante, não? Ficou curioso? O vinho é surpreendentemente complexo, frutado, seco, de corpo médio, com aromas delicados de romã e cereja fresca;
  4. Marie Gabi: da vinícola Routhier & Darricarrère, da Campanha Gaúcha, possui uma cor muito leve de casca de cebola, com toques cítricos e herbáceos e aromas com notas florais, de amêndoas e frutas vermelhas.

 

E você? Já tem o hábito de consumir vinho rosé ou vai começar agora? Tem um rótulo favorito? Conta para a gente aqui nos comentários!


Bruno Hermenegildo

BRUNO HERMENEGILDO

Sommelier International, formado pela FISAR. Membro da Confraria dos Sommeliers de São Paulo, a mais concorrida confraria profissional do Brasil.

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