» Início » Colunistas » Autenticidade na venda do produto culinário

Autenticidade na venda do produto culinário

por | abr 29, 2018 | Colunistas

Receba o conteúdo do Sabor à Vida!

A massificação da construção de opiniões e conceitos respaldados, e fortemente construídos, pelas fontes de comunicação e a mídia atual induz-nos a aferir credibilidade, confiança e respeito a ofertas de produtos e serviços culinários gastronômicos nem sempre merecedores de tais méritos. O senso crítico e a percepção não marginal do que se produz, consome e vivencia-se com a experiência gastronômica em si tornou-se regalia e raridade à quem os têm. Pudera! Pois, a inigualável arte poética, teoricamente, fonte da construção de quaisquer propostas que envolva nutrição, alimentos e comida é ofuscada pela ação comercial em torno da atividade do ramo de alimentação e entretenimento e pela evolutiva perca cultural da relevância em atribuir sentido em nossas ações.

Pouco convém sermos o que queremos a hora que desejamos! Mas, a liberdade de sermos assim e não possuirmos fardos compensa a inconveniência. Infelizmente, conselho este não é tão aplicável devido às consequências em nossa vida profissional, amigável e familiar. Contudo, deve ser mandamento na produção e construção de uma receita, elaboração de um prato, reprodução de culinárias típicas, desfrute de momentos de festejos e comemorações em
torno à mesa e/ou a comida.

Persuadir pessoas através de processos e produtos que foram imersos em uma cadeia de cuidados e propósitos em torno de resultados concludentes envoltos em sinergia honesta, justa e categoricamente humana é tarefa para benignos. Seres que se neguem a propagação do superficial e da inclusão na fina película de falsa esperança do reconhecimento exposto ao aparente elogio.

Preconizar um trabalho universalizado e interagido com o suposto desfrute a se alcançar pela aprovação dos alheios que participam da oferta remete ao reflexo das imperfeições de quem o lidera. Afinal, quem não se reconhece limitado, imperfeito ou incapaz no desenvolvimento de alguma ação, projeto, tarefa, ação ou sonho? Quando nos desapegamos da perfeição conseguimos contemplar o turvo, o não límpido e transparente. Reconhecemo-nos como tal. Sujo. E na sujeira identificamo-nos virtudes, concebemos novos conceitos, construímos boas e melhores opiniões.

Expor-se por completo na edificação de uma ideia provavelmente aglutinarão fortes e dificultosos obstáculos. Mas, se o fundamento da inspiração não for destrui-los e, sim, empregar préstimo gentilmente cursando-os para que estes se insiram na rota, devaneios serão depois de transpostos.

Descrição esta que não aconselha aceitar o descaso, a incompetência e o amadorismo. Avesso à isto. Recomenda-se a aguçar a percepção de quem ousa a aplicar mais do que preço a produtos e serviços. A carência é enorme. Efetiva e afetiva. Também, confrontar os estudantes de gastronomia e profissionais da área para que se estimulem com a audácia e atrevimento de se motivarem pela temeridade do contestar! Identificar o fluxo e discernir se deste querem participar. Não é preciso fazer parte do todo para ser tudo. Os holofotes são internos. Deveriam ser!

Incrivelmente, o que se vende hoje é o invendável. A confiança, a competência, a arte, o peculiar, a singularidade, o não ínfimo, a grandeza do simples bem feito e a doação. Preciso é agregar características humanas na construção de cardápios e elaboração de eventos. Vender autenticidade e ofertar garantia vitalícia!

Assim que esta oferta for substancialmente identificada pela demanda a fidelidade dos que se preservarem serão os preservados. Merecedores das dignas recompensas que serão antagônicas aos grandes valores que se pagarão por desta ideologia se prestarem.


Davi Furigo de Melo

DAVI FURIGO DE MELO

Chef e professor. Graduado em Gastronomia no Senac Águas de São Pedro. Proprietário da Paladares, em Campinas/SP.

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pacotes de Viagens