Em Ribeirão Preto, São Paulo, a criatividade na elaboração de cervejas artesanais não para. O publicitário Quico Soares de Oliveira, por exemplo, criou a cerveja caseira Ipa na Xulipa, com rapadura. A produção foi uma homenagem à gastronomia da região.
A ideia surgiu com um trabalho de pós-graduação em gastronomia brasileira realizado pelo também artista e professor. “Antes de cursar gastronomia, eu não cozinhava. Quando eu fiz 50 anos, decidi me dar um presente, mas confesso que foi um desafio diferente. Professor voltar a ser aluno é estranho, mas eu não sabia nada. Quando eu coloquei a dólmã de cozinheiro achei ridículo, mas decidi cumprir mais um desafio na vida. Aprendi muito, levei a sério e me propus a cozinhar todos os dias. Aí veio a pós e encarei esse desafio da cerveja”.
Oliveira conta que a primeira coisa que pensou foi realizar um trabalho sobre doces mineiros da festa de Folia de Reis, mas era algo distante de Ribeirão. “Como já gostava de cerveja e tinha certo conhecimento, decidi fazer sobre. Não queria fazer qualquer coisa, comecei a pesquisar e descobri que Cajuru (SP) é a maior produtora de rapadura do Estado. Pensei nisso e decidi fazer. Estudamos, lemos, conversamos com pessoas e arriscamos até dar certo”.
O publicitário diz que esteve na inauguração da Cervejaria Colorado e que gostava da Indica também feita com rapadura. “Como eu colocaria essa matéria prima dentro da cerveja? Foram 45 dias até o término da produção para conseguir o resultado”, conta.
A cerveja é cobreada com a espuma na cor creme. “Já me falaram para comercializar a Ipa, mas por enquanto faço em poucas quantidades para tomar com os amigos. Fazer cerveja não é difícil, mas existe um sistema para a produção. O mais difícil são os processos de higienização e o processo químico que a receita leva. Em Ribeirão tem vários cursos e até na internet é possível aprender, mas o meu conselho é fazer a primeira vez com uma pessoa que já conhece o processo”.
Equipamentos
Para o publicitário, hoje em dia é possível fazer a própria cerveja sozinho. “Você não gasta nem R$ 1 mil em equipamentos para produzir uma cerveja. Existe um custo pequeno, mas a cerveja vai ser sua. Todo processo é divertido”.
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O professor diz que mesmo atuando no projeto pela gastronomia, seria irônico depois de entrar na área da gastronomia não criar uma marca, uma identidade, um nome. O título veio do ex-narrador de esportes Osmar Santos, que inventava muitos jargões. Ele falava ‘Ripa na xulipa’. “Fiz a brincadeira com o estilo da cerveja e o nome ficou Ipa na xulipa”.
Quico finaliza dizendo que a bebida tem um visual de literatura de cordel. “Tem tudo a ver com o nordeste. Decidi que teria a cara da cultura nordestina. Faço várias brincadeiras no rótulo com frases divertidas. A apresentação do projeto de conclusão deu muito certo”.
Por: Pedro Gomes
Fonte: Revide
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