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Guia completo para Vinhos Espumantes

por | out 29, 2018 | Bebidas, Colunistas, Enologia

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As borbulhas dos vinhos espumantes têm conquistado um número cada vez maior de admiradores. E não é por menos! Além de ser lindo só de ver, o perlage causa uma verdadeira explosão de sensações em nossas papilas gustativas. Se, assim como eu, você também é apaixonado por vinhos finos e complexos, prepare-se para embarcar no mundo peculiar dos espumantes com este guia especial com tudo o que você precisa saber para escolher e apreciar ainda mais essa bebida dos deuses! Vamos lá?

O requintado e exclusivo Champagne

Bom, em primeiro lugar, é fundamental saber que todo champagne é um espumante, mas o inverso nem sempre é verdade. Apenas os vinhos espumantes produzidos na região francesa de Champagne, localizada a 150 quilômetros de Paris, podem ser chamados de champagnes. Ou seja, trata-se de um vinho fino exclusivo, elaborado especialmente com castas Chardonnay, Pinot Noir ou Pinot Meunier, por meio de um processo complexo de produção chamado Champenoise.

Os mais clássicos champagnes são resultados do corte 50% Chardonnay, 50% Pinot Noir. Os elaborados 100% Chardonnay recebem a denominação Blanc de Blancs. Já aqueles que não apresentam a uva Chardonnay em sua elaboração são conhecidos como Blanc de Noir. Em uma bela taça da bebida você encontra a nota registrada do brioche, assim como leveduras, pão tostado e uma discretíssima presença de frutas amarelas.


As borbulhas sutis dos frisantes

E quanto aos frisantes? Bem, eles também são espumantes. No entanto, o que difere é a menor quantidade de gás carbônico, que é liberado naturalmente por um único processo de fermentação da uva. Resultado: borbulhas mais sutis, sem formação de espuma. São vinhos doces ou secos, geralmente mais leves e suaves que os champagnes. Os lambruscos, produzidos na Itália, são os frisantes mais conhecidos no mundo.

Ah, e quem se lembrou das populares cidras daqui do Brasil, uma observação: elas são bebidas com gás carbônico inserido artificialmente e, portanto, não são consideradas nem frisantes, tampouco espumantes.


Espumantes duplamente borbulhantes

O que torna os vinhos espumantes tão especiais é o segundo processo de fermentação pelo qual eles passam. A adição de um licor adocicado e com leveduras, chamado licor de tiragem, promove uma produção extra de gás carbônico, que será retido, formatando a perlage característica da bebida.

Outro fator que impacta profundamente nas características e na qualidade desses vinhos é o método utilizado no segundo processo de fermentação. São dois:

  • Charmat – Neste processo, o vinho base sofre a segunda fermentação em tanques pressurizados (isobáricos), o que reduz o tempo de maturação. Os espumantes resultantes apresentam características mais leves e refrescantes e também costumam ter preços mais atrativos;
  • Champenoise (Tradicional) – É o método em que a segunda fermentação ocorre diretamente na garrafa. Os espumantes produzidos dessa forma necessitam de períodos mais longos de maturação, o que acaba elevando o preço final da bebida. Por outro lado, suas características sensoriais acabam sendo mais muito mais complexas.


Os espumantes pelo mundo

Conheça os espumantes produzidos nas principais regiões vinícolas e descubra qual deles combina melhor com você!

  • Prosecco – Natural das regiões Norte e Nordeste da Itália, é produzido com a uva Glera pelo método Charmat. Sua diferença está principalmente na cor, que puxa para o amarelo mais intenso. A filtragem e o engarrafamento sob pressão criam bolhas maiores e não tão delicadas – uma característica peculiar desse tipo de espumante! Os aromas lembram maçã verde, maracujá e flores;
  • Asti – Espumante italiano do Sudeste de Piemonte, uma região conhecida por seus vinhos doces, tendo como ícone o Moscato D’Asti. Adocicado e com baixo teor alcoólico, é elaborado com a uva Moscato pelo método de mesmo nome, Asti. O processo de fermentação é interrompido por resfriamento assim que são atingidos os teores de álcool e açúcar e posteriormente filtrado;
  • Sekt – Este vinho espumante de nome estranho tem origem na Alemanha. Ele é feito pelo método Tradicional, principalmente com as variedades Riesling, Weissburgunder (Pinot Blanc) e Rülander (Pinot Grigio). São bastante aromáticos e possuem alta acidez e uma certa “picância“, característica marcante dos vinhos alemães. O Sekt de tipo seco é chamado de também Trocken;
  • Cavas – Produzidos na Espanha, principalmente na região costeira da Catalunha, onde o clima mediterrâneo é bastante suave e sofre influência do clima subcontinental do Norte. Por conta disso, as videiras ali cultivadas trazem um sabor próprio. Feitos pelo método Tradicional, privilegia uvas diferentes, com Macabeo, Parellada, Xarel-lo, embora também abra uma pequena brecha para a Chardonnay. Os aromas mais delicados de leveduras e brioche revelam o método utilizado para sua produção. Como a maioria dos vinhos da Catalunha, sobressaem as frutas, principalmente as amarelas.


Classificação

Os vinhos espumantes podem ser classificados de acordo com a concentração de açúcar residual na garrafa. Confira alguns deles:

  • Brut (menos de 16 g/L) – É o espumante seco. Nada de muita doçura, mas frescor e potência. Trazem frutas e leveduras e são muito versáteis para harmonizar;
  • Demi-Sec (de 33 g/L a 50 g/L) – É o espumante meio seco. Suas frutas são mais maduras que na versão brut, mas não tem tanto açúcar residual quanto os espumantes doces. São uma ótima opção para quem ainda não está acostumado com os vinhos secos ou quem gosta de doces não tão doces;
  • Doce (mais de 50 g/L) – O nome já diz tudo! São espumantes de sobremesa. Perfeitos para harmonizar com doces e receitas que levam frutas.

 

Agora que você conhece a riqueza do mundo dos espumantes, é hora de experimentar e escolher os seus favoritos!


Bruno Hermenegildo

BRUNO HERMENEGILDO

Sommelier International, formado pela FISAR. Membro da Confraria dos Sommeliers de São Paulo, a mais concorrida confraria profissional do Brasil.

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