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Tudo sobre Vinhos de Mesa e Finos

por | jul 2, 2018 | Bebidas, Colunistas, Enologia

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Uma dúvida bastante comum entre aqueles que iniciam a empreitada pelo maravilhoso mundo dos vinhos é identificar o que difere os chamados vinhos de mesa dos vinhos finos. Compreender essa diferença é fundamental para que você adquira um rótulo que realmente atenda às suas expectativas. Portanto, se você sempre fica na dúvida na hora de escolher o rótulo adequado ao seu paladar, prepare-se para entender quem é quem e fazer bonito na próxima vez que for ao supermercado.

Vitis vinifera

O primeiro passo para decifrar as diferenças entre os vinhos de mesa e os finos é lembrar que a videira, a planta que dá origem à uva, pertence ao gênero Vitis. Existem mais de 40 espécies de Vitis no mundo, entre elas a Vitis vinifera. E esta, por sua vez, apresenta mais de 5 mil subespécies. É muito tipo diferente de uva!

Todo apaixonado por vinhos também precisa saber que as uvas da espécie Vitis vinifera são consideradas as mais adequadas para a vinificação. Essa espécie possui algumas características particulares: seus grãos são menores e suas cascas, mais espessas. Elas também exigem maior cuidado dos produtores no cultivo, não se adaptando a qualquer tipo de terreno ou condição climática.

Entre as subespécies dessas uvas, as mais conhecidas são Chardonnay, Sauvignon Blanc, Riesling e Gewürztraminer, usadas para elaboração de vinhos brancos, e Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir, Syrah, Malbec, entre tantas outras, para elaboração de vinhos tintos. Notou algo aí? Todas essas uvas são originárias do continente europeu. Por isso, as Vitis vinifera também são conhecidas como uvas europeias ou uvas finas.


Vinhos finos e complexos

As peculiaridades das uvas europeias criam vinhos mais complexos, com arranjos heterogêneos de taninos e polifenóis, o que conferem maior riqueza estrutural, aromática e gustativa ao líquido. Eles diferem até mesmo nas propriedades visuais: apresentam variações de tonalidades de cores, maior brilho e limpidez.

A capacidade de envelhecimento da bebida em garrafa também contribui para a formatação de sabores mais agradáveis e macios ao paladar. Eles ainda lembram frutas e notas florais e nos presenteiam com uma infinidade de percepções. Não é à toa que eles recebem a denominação de vinhos finos, não é mesmo?


Espécies americanas

Agora imagina o oposto de tudo o que apontamos acima: espécies que se adaptam facilmente a variados tipos de terrenos e climas; uvas que apresentam grãos maiores e cascas mais finas; e videiras que não necessitam de cuidado demasiado para o seu cultivo. Essas são as chamadas uvas americanas ou de mesa, indicadas principalmente para o consumo direto ou a produção de sucos e uvas conhecidas passas.

Entre elas estão a Vitis labrusca, a Vitis bourquina, a Vitis riparia e a Vitis rupestres. Esses são os nomes científicos das espécies de uvas que conhecemos normalmente como Itália, Rubi, Thompson, Isabel, Bordô, Niagara e Concord. Exatamente aquelas que encontramos no supermercado! Elas são denominadas americanas porque são as espécies originárias no lado de cá do Oceano Atlântico – ou seja, nas Américas.


Vinhos de mesa

A simplicidade das uvas americanas também é transmitida para os seus vinhos. Essas uvas possuem menor estrutura e potencial para fazer vinhos encorpados e complexos. Resultado: vinhos mais simples, que não exigem um processo de fabricação elaborado e não suportam o envelhecimento em garrafa.

Por conta disso, esses vinhos são produzidos em grande quantidade e para consumo imediato. Geralmente, apresentam cores intensas e opacas, assim como aromas mais rústicos e sabores simplistas. Podem vir nas versões “Vinho de Mesa Seco” e “Vinho de Mesa Suave“. A diferença está na adição de açúcar ao vinho depois do processo de fermentação.


Atenção ao rótulo

Com essas informações você já pode compreender melhor o que significa os termos “Vinho Fino” e “Vinho de Mesa” nos rótulos. Mas há um detalhe aí: você também pode encontrar a denominação “Vinho de Mesa Fino“. Neste caso, mesmo com a utilização da palavra ‘mesa, a presença da palavra ‘fino’  indica que a bebida foi produzida com uvas da espécie Vitis vinifera.


Você sabia?

  • Os vinhos de mesa correspondem a 80% da produção de vinho no Brasil. Ou seja, apenas 20% da produção nacional são voltados para vinhos tintos;
  • O Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, é conhecido apenas pelos seus vinhos finos e pouquíssimo pelos seus vinhos de mesa;
  • A legislação permite o vinho Fino ser chamado de Mesa, mas não permite o vinho de Mesa ser chamado de vinho Fino;
  • Na França, o Vin de Table (Vinho de Mesa) é feito de uvas viníferas e corresponde a menor das categorias de qualidade do vinho.


O que mais você sabe sobre vinhos de mesa e vinhos finos? Conhece mais alguma diferença entre eles? Conta para a gente!


Bruno Hermenegildo

BRUNO HERMENEGILDO

Sommelier International, formado pela FISAR. Membro da Confraria dos Sommeliers de São Paulo, a mais concorrida confraria profissional do Brasil.

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