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Quando comer com as mãos?

por | set 18, 2017 | Áreas, Etiqueta e Eventos

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Uma dúvida cruel paira na mesa de muitos restaurantes quando uma coxa de galinha aparece suculenta em um prato. Mãos à obra? Nem sempre! A dica dos profissionais de gastronomia é usar o ambiente como parâmetro para ninguém passar vexame na hora da refeição.

E nem precisa ser apenas o exemplo clássico da coxinha de frango. Carnes de osso protuberante, galetos, sanduíches e uma infinidade de outras comidas pedem a praticidade das mãos por conta da estrutura do próprio alimento. O chamado finger food não deixa mentir em sua variedade de salgados fritos, quentes e frios feitos em porções prontas para caber entre os dedos, sem o menor vestígio de cerimônia. Pode até ser no mais elegante casamento. Ninguém resiste à facilidade de um canapé. Mas lembra a importância de entender o contexto do lugar?

Segundo a professora de hotelaria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Lourdes Barbosa, quanto mais formalidade no ambiente, maior deve ser a atenção para as formas de servir e comer. “Faz parte das regras sociais que estabelecem um convívio harmonioso entre as pessoas. E isso não é de hoje. Basta perceber que tipo de ambiente e cultura você está inserido”, explica.

Por ser algo tão natural e instintivo, há restaurante que disponibiliza luva, lenço umedecido ou pote com água de lavanda para a higienização em sinal de que, sim, está liberado o contato direto. A sugestão é não ter receio em perguntar ao garçom, chef ou quem esteja no atendimento direto com o cliente se determinado prato permite ser degustado sem o uso dos talheres. “Tem opções que podem gerar dúvida, e isso não pode intimidar quem está à mesa. O momento deve ser de completo prazer de se alimentar”, defende o sócio-chef do Reteteu – Comida Honesta, onde as fotos desta matéria foram produzidas. No seu restaurante ele serve comida brasileira cheia de caldos, texturas e formatos. “Aqui as pessoas ficam bem à vontade para decidir”, completa. Recentemente, Thiago visitou uma comunidade vegana em Piracanga, na Bahia, onde um jantar dos sentidos confirmou a tese de que dispensar alguns utensílios aumenta a conexão com a natureza.

Há quem defenda que a forma mais primitiva de comer promove uma experiência sensorial completa e até mais saborosa, graças à facilidade no contato. É também atitude com memória afetiva, que remete aos tempos de infância quando não há tanto senso crítico à mesa. “De quando nossa avó enrolava bolinhos de feijão que mantinham a gente alimentado por longas horas”, conta Lourdes. No Reteteu, a referência portuguesa inspirou um bolinho de feijão e arroz ao lado de sardinhas fritas – como aquelas encontradas na praia.

Com o tempo, a relação vai se transformando para ganhar outros questionamentos comuns da vida adulta. “O uso de mediadores na alimentação foi uma conquista social e cultural também de higienização, porque se sabia que o uso direto das mãos nos alimentos facultava maior contaminação, seja por bactérias ou vírus”, diz o professor de psicologia e analista comportamental, Spencer Júnior, ao lembrar uma preocupação básica dos dias de hoje.


Ao redor do mundo

É fato de que as regras sociais mudam em cada País. Motivo para se fazer uma pesquisa mínima sobre a cultura local, antes de uma aventura por terras estrangeiras. Em alguns lugares, o cardápio típico permite o deleite de comer com as mãos, a exemplo de tacos e burritos mexicanos. Mas se você estiver no Japão e não souber manusear bem o hashi, sem problemas! Leve o sushi de uma vez à boca e nada de pequenas mordidas.

Tão curioso quanto o churrasco coreano que, por aqui, muitos conhecem pelas idas ao Burgogui, na Zona Norte do Recife. Para seguir a tradição, deve-se colocar a alface na palma da mão e recheá-la com os acompanhamentos que vão à mesa, formando uma trouxinha consistente. Isso sem falar na fartura de pratos árabes, como quibes, charutos e esfihas. Tem ainda as fatias de pizza encotradas aos montes em Nova York, chamadas slice, baratinhas, que dispensam garfo e faca.

Na Líbia, Norte da África, existe um prato típico, com massa à base de grãos sobre molho de tomate, açafrão e pedaços de carne, apreciado da maneira mais simples possível. “É servido para até cinco pessoas sentadas no chão, após lavarem as mãos, que comem na própria bacia sem uso de talher”, lembra o engenheiro de origem Líbia, Ráchid Sherif. Por lá, bem como na Itália, os pratos de molho pedem o bom e velho mergulho do pão. “Os líbios passaram por muitas guerras, servindo de campo de batalha mundiais, e isso fez o povo usar o que tinha para fazer suas comidas”, destaca Ráchid.

 

Por: Edi Souza
Fonte: Folha de Pernambuco

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