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Infelizmente é da cultura brasileira gostar das flores e não das sementes

por | ago 2, 2017 | Colunistas

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Hoje o mercado valoriza o chefe de cozinha estrelado, mas não dá a mínima para a formação destas pessoas. Não há incentivo nenhum. Faculdades caras, salários miseráveis…

A parte acadêmica da gastronomia no Brasil é quase inexistente. O que adianta ter mil revistas de receita e nenhuma científica? O que adianta se falar sobre a importância da qualidade dos ingredientes e não darmos nenhum apoio para micro produtores rurais?

Precisamos urgentemente repensar a gastronomia nacional. Colocamos no mercado anualmente uma quantidade absurda de profissionais formados em um ofício que tem por único objetivo a praça de uma cozinha. E a educação? E o estudo de nosso ofício, que é tão interdisciplinar e ao mesmo tempo tão específico? Sem o avanço educacional de nossa área estaremos fadados a ostracismo intelectual, onde o avanço será perpetuado por poucos e seguidos por muitos!

Somos um povo criativo, conhecido por uma natureza rica em possibilidades e estamos cada vez mais fechados em uma ideia rasa de sucesso mediante um salão cheio e uma capa de revista!

Se aumentarmos nossa capacidade intelectual, nosso horizonte se abrirá em infinitas possibilidades enquanto cozinheiros, gastrônomos, escritores, professores e indiscutivelmente, acima de tudo, pessoas apaixonadas pela cozinha.

Hoje nós professores sentimos a falta do crescimento de nosso seguimento profissional. Entendo que infelizmente essa é uma realidade em outras áreas. Professor não é uma profissão conhecida por atrativos salários, porém tão pouco a de cozinheiros. A questão toda é que a conta não está fechando. Com a queda significativa de profissionais na área de educação (isso de forma geral), decorrente principalmente da falta de reconhecimento financeiro, chegaremos a um momento agravante (em um futuro próximo).

Mas para área de gastronomia o gargalo é ainda mais complicado. Por estarmos falando de uma área “recém” criada no meio educacional brasileiro (algo em torno de 15 anos), com inexpressiva participação na área acadêmica (cursos de pós-graduações, por exemplo) e ainda total falta de interesse (ou informação) pelos estudantes da área.

É importante formarmos pensadores e não meros fazedores de receitas!!! Que os estudantes repensem seus objetivos e que os professores inspirem seus alunos a alçarem voos mais altos! Podemos mudar de forma contundente nossa história, mas para isso, precisamos avaliar onde queremos chegar.

Essa mudança de pensamento será minha luta até o fim, na qualidade de professor de gastronomia e cozinheiro.


Gustavo Guterman

GUSTAVO GUTERMAN

Graduado em Gastronomia no Centro de Formação Internacional Alain Ducasse e pós graduado em Segurança de Alimentos pelo SENAC SP.

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